O Kiai, fisicamente, origina-se do movimento respiratório.
É uma espécie de grito, lançado sem modulações emitido para ajudar através da contração instantânea, uma maior concentração de força no instante final do golpe, ou seja, no momento do choque contra o corpo do adversário, ou ainda para subjugar um oponente tirando-lhe a concentração ou intimidando-o.
Etimologicamente “kiai” traduz-se por união dos espíritos, sendo palavra composta na língua japonesa pelo substantivo “ki”, espírito e “ai” contração do verbo”awazu” que significa unir.
O Kiai designa um efeito e para termos uma perfeita união dos espíritos, devemos ter a mente completamente limpa, ligada apenas ao objetivo, posto que qualquer desvio ou indecisão, estorvaria a espontâneidade e debilitaria a força. Porém, se houver uma perfeita união dos espíritos (percepção, decisão, ação e vontade), nada se interpôe entre entre eles e a força se projeta em toda sua plenitude, na pureza primitiva.
Portanto lançar o Kiai é materializar a força latente, sob a forma de um grito súbito.
Originalmente, O Kiai advém do séc.VII DC, ou seja, na época em que o estudo das artes marciais ocupava lugar prioritário no Japão, cultivadas em todas as escolas. A exemplo do Karatê propriamente dito, o Kiai é originário da Índia, tendo mais tarde passado pela China e posteriormente chegado ao Japão, onde foi estudado e assimilado.
Quem reconheceu em todos os seres uma força original foram os hindus, que a denominaram “prana” ou energia vital cósmica. Pesquisaram e demonstraram que o objetivo real e final da nutrição e da respiração, é o armazenamento e desencadeamento desta energia.
Os chineses também se aprofundaram nestes estudos, trabalhando o cultivo de técnicas específicas, a materialização da energia acumulada e sua liberação, através do Kiai. Segundo a psicologia, o indivíduo sob tensão, chora ou grita, após o que passa, passa a sentir um certo alívio e volta a calma.
Quem grita, praticamente, não precisa chorar. O grito em sua forma pura, é um elemento liberador de energia acumulada. A energia retida dentro do corpo do indivíduo o deixa nervoso, excitado. Ao gritar, de uma forma cientificamente disciplinada, o grito provocado desde a musculatura abdominal, libera esta energia acumulada no interior do corpo, relaxando e consequentemente deixando-o mais calmo.
Para exemplificarmos melhor, citaremos o exemplo do indivíduo que nos seus exercícios físicos cotidianos, correndo descalço na praia, tropeça em uma pedra e se machuca. Ao sentir a dor imediatamente ele grita “PÔOXA”. Como se este grito fosse um remédio para minorar a dor. Ora, o vocábulo usado naquele momento, é uma forma simplista de descarregar a raiva acumulada momentâneamente, por causa da dor sentida.
Na prática dos exercícios de Karatê, o atleta grita também, para sentir, principalmente para si próprio, que naquele momento deu o máximo de si.
Os estudantes de Karatê, mais novos, o fazem sem as vezes atingir o seu valor real, porém, aqueles mais antigos, mais conscientes, após estas práticas sentem os efeitos calmantes destas técnicas, no final das sessões de treinamentos.
Sintetizando, temos que o Kiai ajuda a potência do golpe, exterioriza a força interior, desequilibra psicologicamente o adversário, é usado como técnica de reanimação e proporciona na fase posterior à sua execução, relaxamento e tranquilidade.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário